A Saga de Devoker - Em Andamento | Contos de Ravendawn

Devoker

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Parte 1

Vamos começar isso de uma vez. Pra você que está lendo isso, seja lá onde for, está é a primeira parte de uma série de escritas que farei ao longo de minha jornada. É desconhecida a quantidade de partes que terá, talvez, ao longo do tempo, eu avise quando estiver chegando ao fim. Todo conteúdo das cartas é e será escrito por mim.

Antes de continuar, é interessante dizer que duas coisas me fizeram começar a escrever essa "saga":


  1. Neste exato momento, estou em viagem num navio de porte médio/grande. Há cerca de 20 pessoas, sendo elas 12 homens adultos, 5 mulheres adultas e 3 crianças. Já perdi a noção do tempo, mas estamos navegando há bastante tempo, duas ou três pessoas estão doentes, se demorarmos demais, elas não chegarão ao destino. Se é que eu chegarei também. Nós partimos de um pequeno porto nortenho, não muito longe de onde eu morava. Por ser uma região longínqua, conseguimos bons suprimentos e não tivemos lotação do navio. Enfim, o tempo demora a passar, nossa mente começa a aplicar truques em si mesma, por isso decidi ocupá-la começando essas escrituras.​
  2. Pelas boas relações que meu pai tinha na cidade, nós sabíamos de tudo que acontecia e do que nossa vila tinha para oferecer. Um dos senhores mais antigos da vila tinha uma espécie de biblioteca, onde ali contavam histórias aos menores, consultavam sobre doenças ou curiosidades. Aquele local me interessava, e descobri bastante coisa ali. O senhor Boryk, que cuidava da biblioteca, adorava minha companhia, pois poucos da vila tinham tanto interesse assim. Dessa forma criei um gosto por certos conhecimentos, pelo desconhecido e mistérios do mundo. Bom, resumindo; Claramente Boryk não conseguiu nos acompanhar, mas deixou comigo esta pasta onde aqui consigo escrever o que vocês estão lendo agora. Jus à ele, obrigado Boryk!​



Eu sei que não me apresentei ainda, vou deixar isso pra uma outra nota.

O mar tá inquieto e o céu adiante está escuro, fica um pouco difícil escrever e preciso ajudar o pessoal, uma das velas está se rasgando e precisamos dar um jeito de consertar.

Em breve falarei mais de mim, de onde vim, pra onde vou e por quê estamos indo.
 
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[Oi pessoal.

Lembrando, esses contos, especificamente no caso dessa saga, serão como cartas e/ou diários. Sem tamanho padrão, alguns serão mais curtos outros mais longos. Escritos como se fosse meu personagem fazendo-o.

Comecei isso porque gosto dessa linha de conteúdo e criação, e também pra passar o tempo.
Ao invés de criar um novo post no fórum para cada parte, criarei um novo nesse mesmo tópico. Assim a timeline do fórum ficará mais limpa e a história ficará fixa à apenas um post.
Conteúdos entre colchete serão off/fora da carta]​
 
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Parte 2
Certo, é hora de falar um pouco de mim. Como tenho tempo, não faz mal falarmos um pouco do passado, de quem eu sou e de onde vim.
Ah, só para atualizar vocês; conseguimos dar um jeito nas velas, estão consertadas! Foi um alívio para todos. E lembram que duas pessoas estavam doentes? Uma delas está um pouco melhor, mas a outra continua mal. Na situação atual, em alto mar, é complicado tratar de doenças. Não há margens à vista e nosso rumo à leste parece ainda ser longo. Espero que aguentem mais um pouco. Poucos de nós estávamos acostumados a passar tanto tempo assim dentro de um barco, mas a parte difícil, antes de se acostumar, já passou. Ao menos para a maioria de nós.

Enfim, vamos lá. Meu nome é Devoker Veneni D. Deseo. Nascido e criado na costa mais nortenha de Lyderia, tendo montanhas nevadas como vizinhança. Filho de Leyr e Mallyz. Que tal conhecer um pouco mais da minha região? Estamos falando de Eyiria. Um lugar onde faz frio na maioria do ano, com um paredão de montanhas do norte ao sul. Os picos dessas montanhas nunca ficam sem neve. Vamos falar um pouco da região sul e da região norte:

  1. Região Sul: Antes do paredão de montanhas começar, belas planícies são encontradas. Local que a maioria da agricultura da região é trabalhada, graças a temperatura ser mais amena e o terreno possibilitar tal feito. Ao sul temos a maior cidade e maior porto da região de Eyiria. Algo que é conhecido por quase toda Lyderia são as pinturas das flores, que para quem está nas montanhas e olha para as planícies do sul, se deslumbram com a beleza e variedade de cores. Por alguns fatores citados acima e alguns outros, é a parte mais desenvolvida de Eyiria. Aliás, perdão. Tudo isso no entanto é passado. Após uma sequência de avalanches colossais e da Crise da Terra, tudo foi por água abaixo. São consequências da famosa destruição de Lyderia. Acho que falaremos mais disso em outro momento. Por fim, não se engane, o ar frio e as geadas estão pela região Sul praticamente o ano todo, porém é menos frio que no norte e também não neva muito.​
  2. Região Norte: Se na região Sul não neva muito, na Norte neva até demais. É uma parte de Eyiria que ganhou um pouco de fama por conta de suas minas, mas por conta da temperatura apenas o povo nativo conseguiu se manter na região fixamente. Espalhadas pela região Norte há algumas vilas, não tão grandes, que vivem da caça, pesca e alguns mineradores que comercializam para além da região. A caça e a pesca foi realmente crucial pra sobrevivência do povo nortenho, lar de cervos, cabras da montanha, raposas, coelhos, etc. A pesca acontecia não muito longe da costa, pois um pouco mais ao norte as águas ficavam muito congeladas, dando perigo dos barcos quebrarem ou ficarem presos em gelo.​



Como dito, Eyiria é rasgada de norte à sul por um paredão de montanhas altas, mas em três pontos centrais não são tão altos, facilitando a passagem de viajantes e comerciantes entre norte e sul, visse e versa. Passagens primordiais para a economia da região, que dificilmente iria longe sem essas passagens.
Olha, eu sei que talvez você não tenha o menor interesse nessas coisas. Mas se coloque no meu lugar; estou em um barco por... meses? Preciso me ocupar fazendo algo. Aliás, está noite agora, mas a lua está cheia e tão luminosa que quase me ofusca os olhos. Ao menos consigo enxergar o que escrevo e economizo as velas.

Voltando ao passado. Um pouco sobre meu pai; tinha orgulho de ser um grande ajudante da nossa vila. Ele conhecia todo mundo, era valentão porém não violento, mas sim um guardião para todos. Conselheiro dos jovens que almejavam virar guerreiros ou fortes guardas. Não cansava dos trabalhos pesados e braçais que a vila necessitava. Seja passar um dia cortando árvores para aquecer-nos de uma nevasca que chegara, ou consertando muretas das criações bovinas dos vizinhos. Se orgulhava disso, e todos sabiam que podiam contar com ele. Já a minha mãe era a guardiã da nossa casa, da nossa família. A agricultura na região não era o forte, mas ela conseguia fazer crescer belas uvas e maças que nos alimentavam e alimentavam boa parte da vila. Sempre muito educada, mesmo na forma mais simples. Os vinhos que nossa vila tomava nas datas festivas, minha mãe que fazia. Todos adoravam.

Se eu sinto falta deles? Com certeza. Toda vez que olho pra trás, penso que estou os deixando pra trás, e isso me dói. Mas acostuma, e preciso ser forte pra chegar até nosso destino. Por falar em destino, ainda não falei pra onde estou indo, falei? Antes de falar para onde estou indo, é preciso dizer por quê estou indo pra lá, o que aconteceu com Eyiria, com Lyderia... Mas as águas estão ficando turbulentas aqui, o vento está forte. Vou dar uma pausa nas escritas. E tem um bardo no nosso navio que ronca mais do que canta.


 
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Parte 3

Hoje é dia de falar sobre o que aconteceu em Lyderia, o motivo de todos estaremos indo embora de lá. Como dizem há um tempo; o fim de uma Era. Devo dizer que hoje está muito frio e estou gastando as velas que economizei na outra noite, para me aquecer. Estamos passando por um lugar que me lembra o que falavam sobre o mar à norte de Eyiria, onde a água quase congelava e era preciso navegar com cuidado. É como estamos no momento, lentos, há uma névoa que deixa nosso horizonte esbranquiçado. É meio difícil escrever nessas condições térmicas, mas não dá pra ficar lá fora e preciso me ocupar do lado de dentro.


Lyderia.

Esse grandioso continente era vasto e diversificado. Dos desertos do sul, pântanos concentrados à leste, florestas tropicais à oeste, montanhas nevadas à norte. As histórias dizem que os ancestrais de todos nós eram majoritariamente nômades, há lendas que a terra não os deixavam em paz, mandando-os embora de onde estavam. E por incrível que pareça, é datado que as primeiras cidades podem ter sido construídas na região de Sabau, nos desertos do Sul. Centenas de anos se passaram até que os povos se espalharam pelo continente, e as lendas que a terra mandava as pessoas embora ficou no passado. Centenas de anos, e os humanos criaram história, comunidades, reinos, guerras e tratados.
Eis que chegamos nos tempos atuais, meses atrás. Quantos? Não sei dizer ao certo, todos estamos meio perdidos no tempo aqui nesse barco. Será que já faz mais de um ano? Talvez. Vamos chamar de "O início do fim", que tal?

Começou com pequenos tremores na terra. Não tão fortes pra causar destruição, mas sim preocupação. Viajantes e comerciantes passavam o acontecido para as demais regiões, que contavam que sentiram esses tremores também, e assim soubemos que estava acontecendo em toda Lyderia. Após um tempo um grande tremor atingiu um ponto específico no oeste, o que causou a erupção de um enorme vulcão. Populações vizinhas tiveram que sair urgentemente de suas casas, o vulcão parecia não parar e o céu ficou coberto de fumaça e cinzas durante semanas. A notícia se espalhou rapidamente e o povo de Sabau, mais conectado com sua herança primitiva, já alertava que a terra estava voltando à nos mandar embora, revivendo as lendas esquecidas.
Alguns meses se passaram, e durante esse tempo os tremores não pararam. Não tão grandes, mas preocupantes, causando alguns pequenos avalanches e pontuais enchentes e aumento da maré em alguns lugares. Mas o povo se acostumou, se adaptou e continuou vivendo. Porém, em Sabau, na região Sul, a maré não parava de subir, e seu povo apegado ao passado decidiu abandonar o local e se mudar mais ao norte. Eles diziam que a terra está nos avisando para sair dali, que não eram mais bem-vindos.
O inverno chegou e com ele acontecimentos cruciais para o futuro de Lyderia chegaram também. Até então, as pessoas viviam um pouco preocupadas com os tremores, chamavam de terremotos normais, mas conviviam com isso. E então três grandes terremotos aconteceram. Contam que um foi nas margens da região de Sabau, ao Sul; outro no fim dos pântanos do leste, que cruzavam para a região central de Lyderia; e outro grande tremor nos pés das montanhas ao sul de Eyiria. Minha vila sentiu muito esse tremor. Como temos um contato mais próximo, soubemos que um avalanche tomou boa parte das plantações das planícies do Sul de Eyiria, acabando com estoques de comida. Avalanches aconteceram por quase todas as partes da montanha, inclusive entre as passagens centrais que ligavam as duas regiões.

Aliás, por curiosidade e coincidência, há alguém aqui no barco que já esteve em Sabau, e ele disse que foi uma das primeiras regiões há ficar praticamente inabitada. O mar não parava de subir, tomando as vilas e os tremores faziam os bancos de areia se direcionarem para o mar.

Após esses três grandes temores, a vida em Lyderia começou a decair. Uma cadeia de eventos resultou na difícil sobrevivência do povo, com mais e mais tremores acontecendo. Não só em terra, mas também nas costas, fazendo com que o mar entrasse nas margens. Dizem que a maioria da população da região leste, nos pântanos, não conseguiu passar para o lado oeste, pois os tremores fizeram os diversos pântanos da região se tornarem um só, com poucas passagens secas e viáveis. Após um tempo, não só Sabau e o deserto ficaram extintos, mas também o leste sendo transformado em um mar de lama. A população que migrava sobrevivia das fazendas do oeste e da diversidade fauna e flora que ali tinha, o que tinha data contada para terminar. Nós, lá no norte, por não sermos tão populosos, conseguimos racionar o que tínhamos e arriscávamos a sorte com cardumes sendo pescados perto da costa. Foram tempos difíceis. Nesse ponto, alguns diziam que a lenda do passado era real, onde a terra estava nos mandando embora à forças. Outros diziam que eram poderes demoníacos nos engolindo.
Mais ou menos nesse período, onde a maior parte da população estava no oeste e o restante no norte, que um certo boato começou a rondar Lyderia, ou o que havia sobrado dela. "Lucien Ravencrest", o nome que mais se ouvia. Nós sabíamos que aventureiros e guerreiros tentavam a sorte no mar, atrás de um novo lar para todos, que pudéssemos viver em paz e essa coisa toda. Mas falhavam, vários falharam. Até que começou-se à se falar de um herói, um dos mais conhecidos do oeste, chamado Lucien Ravencrest. Estavam falando que ele havia encontrado terra, um novo local seguro para irmos. Sem pensar duas vezes, a população que estava cada vez mais acuada por conta dos tremores que não paravam de engolir a terra, estava sedenta em subir em qualquer barco e ir rumo ao destino que Lucien achara. Alguns nem sabiam direito pra que lado navegar, ou como navegar por tempo indeterminado. Teríamos comida? Quanto tempo de viagem até chegar? Dúvidas, mas no fim, esperança também.
E durante esse alvoroço todo, com Lucien ascendendo mais ainda como herói de Lyderia, as cidades não paravam de decair, suas populações correndo contra a vida para um local mais seguro, sem conseguir ir para alto mar. Além do perigo natural, tínhamos que cuidar com saqueadores. Lyderia de fato não tinha mais futuro, o rastro de destruição era visto das montanhas ao norte, e nós sabíamos que não tínhamos saída, a não ser embarcarmos rumo ao destino de Lucien dissera. A minha região, no extremo norte de Eyiria, não era muito grande, mas tínhamos um belo histórico com barcos, por conta da nossa criação de gerações sobrevivendo com pesca. Graças à isso, tínhamos onde nos agarrar para sustentar a esperança de conseguir deixar Lyderia rumo à um novo lar.

Sentado aqui, conseguindo ouvir quão gelada a água está lá fora, eu fico pensando quantas famílias não conseguiram zarpar de Lyderia? Quantas pessoas não quiseram deixar suas casas, sua história? Preferindo se afundar com elas. Reinos desmanchados, um passado engolido pelo mar, enterrado com a terra que uma vez foi fruto de prosperidade e sucesso para todos. Além disso, que terra é essa que estamos almejando? Quem está nela antes de nós? Conseguiremos extrair nossa experiência para criar um novo futuro nesse local desconhecido? Quão sucesso Lucien e seus companheiros estão tendo por lá? Há incertezas por todos os lados, mas temos que nos apegar na esperança.
 
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